domingo, 21 de outubro de 2007

Apesar de você, amanhã há de ser outro dia."

O silêncio toma conta do país, a impunidade invade os lares e senta-se na sala junto com a família da Silvia, Pereira e tantas outras.

Todos nós estamos “anestesiados pela dúvida de quem matou a Taís” e

esquecemo-nos de descobrir quem está matando a nossa política.

Morte dolorosa, lenta e quem sabe, rigorosamente calculada, nossa política falece aos poucos com a certeza de que ninguém se importa ou sabe.

E os assassinos?Estes têm nome, rosto e vários processos administrativos na bagagem.

Não têm as mesmas armas que a polícia, mas, indiretamente, matam agricultores sem-terra e moradores das favelas da mesma forma brutal. Como eles em Brasília matam um sem-terra no Rio Grande do Sul ou um morador da Rocinha?

Estes assassinos destroem o acesso à escola pública de qualidade, à terra, o sonho de um salário mínimo justo apenas com suas ações um tanto quanto individualistas.E depois tem a coragem de dizer em rede nacional que o povo brasileiro está perdendo sua dignidade.

Por mais que pareça estranhíssimo, a palavra dignidade consta no dicionário destes assassinos. Ela é usada para distinguir o pobre do rico, a elite da miséria. Pois dignidade hoje é algo que se compra com um bom salário ou um diploma de curso superior.

Algumas vezes esses assassinos são protagonistas dos jornais do horário nobre.

Nesta hora a impunidade destranca a justiça do quarto de hóspedes. São raros estes momentos em que a Justiça pode se mostrar que é forte e que pode interceder pelos mais fracos. E quando pensávamos que já havíamos conhecido todos os assassinos – Afinal, a aparição de um deles rende um novo capítulo da polêmica nacional que se tornou a nossa política –surge mais um, como uma fênix amaldiçoada que estava disposta a permanecer assombrando o planalto central para sempre.

Com desvios e roubos, Renan Calheiros se apresenta ao público brasileiro com uma faca ensangüentada na mão pois este foi o último, e letal, golpe na política brasileira. E no fim deste capítulo Renan saiu intacto, de cabeça erguida e cheio de dignidade – A mesma que ele deve ter comprado em alguma lojinha da asa sul- enquanto a justiça se esconde com vergonha de ser fraca e tão desatenta.

Enquanto o povo brasileiro volta para a sala. Sentam-se na frente da TV dividindo a pipoca com a impunidade. Estão mergulhados na tristeza de quem não sabe como será o país dos seus filhos.
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